No primeiro ato: um buraco na certidão de nascimento. Por Vitória Maria Matos.
No segundo ato: o direito de existir sem precisar se declarar doente. Por Dani Avelar.
A Vitória Maria Matos cresceu num povoado do interior da Bahia. Desde criança, ela teve que conviver com um fantasma que estava sempre por lá e, ao mesmo tempo, nunca estava. O fantasma de um homem que ela conhecia e, ao mesmo tempo, não conhecia. Uma ausência que andava sempre com ela, onde quer que ela fosse, e que ia ficando cada vez mais incômoda. Até que um dia ela resolveu tomar uma atitude radical.
Em 2016, a ativista Neon Cunha entrou com um pedido de morte digna assistida na Organização dos Estados Americanos, a OEA – e chegou a planejar, com detalhes, o próprio funeral. Ela não estava doente, não tinha ideações suicidas, nem desprezo pela vida. Pelo contrário. A decisão radical era, na verdade, um apelo para continuar existindo.
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