No primeiro ato: uma história de quando o mar virou sertão, e o que ficou pra trás. Por Pâmela Queiroz.
No segundo ato: um principado efêmero a 1200 quilômetros da costa brasileira. Por Bárbara Rubira.
Em busca de Ubirajara
No sertão do Ceará, onde a repórter Pâmela Queiroz nasceu e cresceu, tem um oásis: uma mancha verde rodeada de morros, a Chapada do Araripe. Essa mancha verde é um mapa da mina, a marca que restou de um mar pré-histórico, que quando secou, deixou para trás uma riqueza incalculável. Nos riachos e nas pedreiras da região, os moradores vivem achando “pedras de peixe”, como são chamadas: fósseis que contam um pouco da história do mar que virou sertão, e do nosso legado comum.
Em 2020, um desses fósseis –um dinossauro com penas batizado de Ubirajara jubatus–incendiou a internet quando ele foi descrito numa publicação científica e descobriu-se logo depois que teria sido retirado de forma irregular do Brasil. A quem pertence o patrimônio científico? E o que os fósseis conseguem nos dizer sobre a gente?
No Atlântico Sul, a cerca de 1200 quilômetros da costa do Espírito Santo, fica a Ilha da Trindade, uma ilha de terreno montanhoso que é habitat de samambaias, aves e caranguejos. “Descoberta” numa missão em 1501, a ilha foi tomada pelos portugueses, que nunca chegaram a colonizá-la de fato. Com a independência do Brasil, a ilha virou oficialmente território brasileiro. Até que em 1893, James Harden-Hickey, um cidadão americano radicado na França, se deparou com a ilha inabitada numa viagem pelo Atlântico e decidiu tomá-la para si. Estava ali fundado o Principado da Trindade.
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