No primeiro ato: um casal numa guerra contra o mofo, o fogo, e o esquecimento. Por Glênis Cardoso.
No segundo ato: um caderninho de gastos e o mundo dentro dele. Por Keli Freitas.
Todos os dias, filmes se perdem Brasil afora. Caem vítimas do fungo, do ressecamento, da combustão, e do simples descaso. É fácil lamentar –mas é bem mais complicado fazer algo a respeito.
Glênis Cardoso editava uma revista feminista sobre cinema, e William Plotnick era um americano apaixonado pelo cinema brasileiro. O que começou como um flerte nas redes virou um convite para uma aventura em que os dois, munidos de um pequeno scanner, digitalizaram centenas de filmes país afora. O que a gente pode aprender com essas imagens quase perdidas?
Quando a mãe da Keli Freitas morreu, o que restou foi um caderno. E num primeiro momento, aquele caderno parecia pior que nada. Era um caderno onde a mãe dela anotava gastos. Era só isso: amendoim – R$1, manicure – R$15, azeite – R$5,80, pipoca rosa – R$0,40. Keli guardou o caderno com raiva. Onde estava a mãe dela ali?
Anos depois por um caminho torto que passa por um filósofo grego, os diários de uma mulher comum no Rio dos anos 1950, e muitas laranjas, Keli acabou voltando àquele caderninho com a capa azul jeans–e lendo ele de um jeito completamente diferente.
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