No primeiro ato: a ascensão profissional de duas mulheres no crime. Por Bárbara Rubira.
No segundo ato: a História e as histórias. Por Natália Silva.
Tereza é uma mulher de 70 e poucos anos, já aposentada. Atualmente, vive de investimentos que fez ao longo da vida e dedica seu tempo aos cuidados com o neto. Dos 14 aos 60 anos, ela construiu uma trajetória de sucesso no tráfico de drogas do Rio de Janeiro.
Cicatriz é uma jovem de 28 anos, que cresceu na favela e viu no crime uma oportunidade de ganhar dinheiro depois de um acidente grave. Depois de 10 anos trabalhando no tráfico, foi boicotada na hierarquia da firma. O motivo era um só: Cicatriz não poderia ocupar o posto mais alto da cadeia de comando por ser mulher.
As duas mulheres contaram suas histórias para Thayssa Rios, pesquisadora e mestre em Justiça e Segurança pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Em sua dissertação de mestrado — intitulada “Melhor ter uma mulher na boca do que 10 fuzil”: a construção social da traficante entre trabalhadoras e trabalhadeiras em favelas da região metropolitana do Rio —, ela analisou o papel do gênero na vida e no ofício das mulheres que trabalham no tráfico de drogas.
(Esta reportagem teve o apoio da Wondery, que produz podcasts originais em português como Nenê da Brasilândia, feito em colaboração com a Rádio Novelo. Os oito episódios de Nenê da Brasilândia estão disponíveis em todas as plataformasdepodcast)
Combater o racismo nunca é fácil, mas Silvana Nunes escolheu trilhar um caminho ainda mais difícil – travando a batalha em território inimigo. Nascida e criada em Vassouras, no interior do Rio de Janeiro, ela se incomodava com a forma como a cidade trata a memória do período da escravidão.
Durante os anos em que trabalhou num hotel da região, ela e outras mulheres negras foram obrigadas a servir café aos hóspedes vestidas como pessoas escravizadas. Inconformada, Silvana decidiu adotar uma estratégia nada ortodoxa para conscientizar turistas de que não é com nostalgia que devemos olhar para esse passado tenebroso.
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