No primeiro ato: duas meninas, um cavalo “objetivamente grande”, e uma aventura de verão que virou uma tragicomédia. Por Flora Thomson-DeVeaux.
No segundo ato: um plano inédito para salvar o aquífero mais utilizado do Brasil. Por Vitor Hugo Brandalise.
Quando ela tinha doze anos, a Gabi caiu do cavalo. Literalmente. Foi um dia no sítio da família, um lugar onde vagavam bandos de crianças selvagens nas férias de verão, e onde a mãe dela deixava a horda infantojuvenil se autogerir durante o dia enquanto ela trabalhava. Gabi se considerava autossuficiente e andava no cavalo velho do sítio há anos, então num dia ela convidou a melhor amiga, Emília, a andar junto com ela.
Tudo correu bem até os 45 do segundo tempo. Na hora de descer do cavalo, as meninas empacaram. E depois de uma manobra desastrada, as duas se viram penduradas de lado, ainda no ar, com o cavalo perigando cair em cima delas. Durante minutos, elas se debatiam: pular ou não pular? Fazer o quê? A decisão que elas tomaram mudou a vida de uma delas.
Desde os anos 80, o hidrogeólogo Ricardo Hirata acompanha o lento movimento do Aquífero Guarani, o segundo maior reservatório de água subterrânea do mundo. Até que, em meados dos anos 2000, ele constatou: o Guarani está começando a secar – e justamente na área de onde mais se tira água e que abastece cerca de 15 milhões de pessoas. E então ele bolou um plano para salvar o aquífero. Mas não qualquer plano: uma iniciativa que nunca foi testada no mundo.
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