No primeiro ato: quatro irmãs e muitos funerais. Por Bia Guimarães.
No segundo ato: desejos cancerígenos. Por Natália Silva.
Na década de 70, a família Silva Luiz ia em peso nos velórios de Garanhuns e região, no interior de Pernambuco. Mas não eram parentes ou amigos que eles estavam indo velar, e sim completos desconhecidos. Em troca de pagamento, a família chorava, se lamentava e até desmaiava à beira do caixão se o contratante pedisse.
Dos sete filhos, quatro meninas se destacavam como carpideiras: Esmeralda, Erisvalda, Edinalva e Erinalda. As irmãs deixaram de chorar por dinheiro depois de crescidas, mas a relação delas com a morte se transformou para sempre – a ponto de atrair olhares desconfiados e o apelido de “papa defunto”.
Aos 4 anos de idade, Natália Silva – hoje editora-executiva da Rádio Novelo – tinha um sonho: ser uma adulta fumante. Nascida nos anos 90, ela pôde ensaiar a realização do desejo com um produto pensado para crianças como ela – cigarrinhos de mentira, feitos de chiclete. Um episódio traumático na vida adulta botou fim no delírio tabagista e engatilhou nela a obsessão de entender quando foi que entendemos que cigarros fazem mal à saúde e o que aconteceu depois disso. Neste ensaio em primeira pessoa, Natália narra o perigo de normalizar a presença de substâncias que colocam a vida de consumidores e terceiros em risco.
(Essa história foi produzida com apoio da ACT, organização que atua na promoção e defesa de políticas de saúde pública, especialmente nas áreas de controle do tabagismo, do álcool, e promoção da alimentação saudável e atividade física. A ACT produziu uma série de 4 pílulas de conteúdo em áudio sobre a reforma tributária e a importância do imposto seletivo para o cigarro, o álcool e os ultraprocessados. O conteúdo está disponível no Spotify, na playlist “ACT – Promoção da Saúde”. Você encontra mais sobre a ACT no site: actbr.org.br)
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